quinta-feira, 1 de maio de 2008

Etanol: bom e mau...


No início de Julho do ano passado, o etanol brasileiro foi a grande estrela, numa conferência internacional de dois dias, organizada pela União Europeia, em Bruxelas.

Visto como herói na luta contra o aquecimento global, a conferência sobre etanol reuniu o primeiro-ministro português e os presidentes brasileiro, Lula da Silva, e da Comissão Europeia, Durão Barroso.

O objectivo foi lançar o debate sobre o desenvolvimento de um mercado internacional de produção e comércio de combustíveis alternativos ao petróleo, com a meta de substituir 10 por cento do consumo europeu, até 2010.

Quatro meses antes da conferência em Bruxelas, Lula da Silva, que se transformou numa espécie de símbolo internacional do etanol, havia recebido uma visita inédita do colega norte-americano.

George Bush quis conhecer de perto a experiência brasileira, e ouviu de Lula da Silva que a parceria entre o Brasil e os EUA para estimular a produção de etanol representava "o grande desafio energético do século XXI".

"Não será apenas uma parceria económica entre Brasil e EUA. A estreita associação para produção do etanol possibilitará a democratização do acesso à energia", afirmou Lula da Silva, ao fim do encontro.

No início de Abril, pouco mais de nove meses depois da conferência de Bruxelas, a análise começou inverter-se, e o etanol transformou-se de herói em vilão da alta do preço internacional dos alimentos.

O argumento é que a utilização de culturas tradicionais, como milho e trigo, e de vastas áreas cultiváveis na produção de biocombustíveis têm causado um aumento sem precedentes dos preços dos alimentos.

O relator da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Direito à Alimentação, Jean Zigler, foi o primeiro a condenar a transformação de alimentos em combustíveis, o que classificou de "crime contra a humanidade".

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